domingo, 26 de outubro de 2008

Iniciação ao voo


Durante estes dias tenho refletido muito sobre as escolhas que fiz até aqui.
Principlamente a escolha profissional. Existem momentos que nos desencantamos com a docência.
é um ato natural na constituição dos educadores.
O movimento de sair do ninho (a escola que trabalhava por 27 anos) e o voo para novos rumos tem sido um exercício de grande aprendizagem, mas de muitos riscos.
Aprender a voar não é um exercício fácil. Basta observarmos as imagens de pequenos pássaros em sua iniciação. Assistindo a um documentário vi o primeiro voo de algumas aves e achei algo inédito. Quando as avezinhas pulam do ninho na confiança que vão voar... caem de cabeça direto no chão. E aí é só continuar as tentativas de voo de um lugar mais baixo.
Foi exatamente isso que aconteceu comigo. Sai do ninho e estou aprendendo a voar. Isso significa que o ninho não é um lugar para se ficar, é lugar passageiro. Só não sei se... serei tão persistente quanto as jovens aves.

Exposição dos personagens


Todos os alunos criaram personagens em massinha e durante a comunicação oral os trabalhos ficaram expostos.Organizamos algumas fotos como making off do projeto.
Nome do evento: Congresso do Programa de Iniciação Científica Discente -PICD
Local: Escola de Educação Básica da UFU
Data: 24,25 de outubro de 2008

Educar pela pesquisa

Anualmente a Eseba promove o Congresso PICD para apresentação dos projetos desenvolvidos durante o ano letivo. Cada grupo com seu orientador desenvolve um projeto buscando seguir a linha de pesquisa escolhida. Minha linha é Arte e cultura e orientei meus alunos na pesquisa do tema Desenho de animação, que foi escolhido por eles.
Esses são os meus alunos durante a exibição, demonstrativa dos trabalhos com desenho animado que produzimos "Cão medroso" com duração de 38 segundos. Os outros desenhos ainda estão sendo finalizados.
Para mim foi uma experiência e tanto. Para quem não acredita que criança faz pesquisa precisa ler "Educar pela pesquisa" de Pedro Demo.

domingo, 12 de outubro de 2008

O frio pode ser quente


Esse
é um livro
de litera-
tura
infantil
muito interessante.
Será que o frio pode ser quente?
Ele diz que "as coisas podem ser de um jeito ou de outro: depende do jeito que a gente vê"
Como você vê a imagem da menina que lê? Qual seria o tamanho da visão que temos do saber?
Ter muito conhecimento pode ser para alguns uma grande coisa para si, elevam a auto-estima, lhe confere poder. Outros podem entender que o conhecimento é enorme e que jamais se tornarão grandes.
Penso que quanto mais conhecemos as teorias, os conceitos, as descobertas dos pesquisadores menos sabemos. Enquanto escrevo essa frase para que você leia, muitas outras já foram escritas. Por isso correr atrás do conhecimento é como correr atrás do vento. Melhor seria aprender ao sabor da brisa, tendo tempo de senti-la e consciente de que jamais alcancará o vento.
Por outro lado, outros podem entender que já que não vale a pena correr atrás do vento, melhor ficar onde está mesmo. A questão não está apenas no movimento do vento, mas na maneira como nós nos dirigimos em busca das coisas.
O frio pode ser quente: o saber pode ser o não saber. Pensar que tudo sei ou que nada sei implica em inércia, fato concsumado. Melhor é acreditar que ainda posso vir a saber e que estarei em busca, em eterno movimento de aprendiz.







terça-feira, 7 de outubro de 2008

Memórias: Carrinho de mão

Tirei essa foto e fiquei pensando nela por um tempo... Aí a imagem criou vida em mim. Quando era criança gostava muito de ser carregada nesse carrinho. Meu pai era mestre de obras, fazia o trabalho do engenheiro sem nunca ter tido o título. Eu deveria ter uns 5 anos de idade e me lembro de ser levada junto com minha irmã para o pátio de obras. Chegávamos bem cedinho, tudo escuro. Havia um barraco de madeira construído no início de uma enorme área aberta. Minha mãe servia café com leite e pão com manteiga para os empregados, enquanto dormíamos embaixo do balcão. Uma portinhola que abria e fechava, era mais alta que minha própria altura. O cheirinho do leite com café e pão, coisa de mineiro.
Meu pai assumira a construção,naquela época, de mil casas populares. Olhava pro alto e via movimento, tijolos, pessoas... Contando tudo isso me sinto lá.
Em nossa casa sempre tinha materiais de construção em uma garagem construída de madeira, que nem o barracão lá da obra. O carrinho de mão velho e amassado ficava lá. Algumas vezes me lembro do movimento do carrinho, da brincadeira de correr... mas quem empurrava o carrinho? Não me lembro. Quando nasceu meu irmão, me lembro dele gordinho e alguém empurrando. Será que era meu pai? Bem que poderia ser, porque lembrança de brincar, de rir, de amor... é a melhor lembrança do mundo.
Lembrança de saudade... essa só é boa quando se tem certeza da volta ao abraço, como vivo hoje pela ausência do filho que viaja, mas vai voltar.
Quando é lembrança de adeus ... não coisa boa não. Pra essa o remédio é lembrança do vento no rosto e o balanço do carrinho de mão... mesmo sem saber ao certo de quem deveras era a mão que conduzia o carrinho. Por certo eram mãos de amor....isso é o que importa!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Formas de trabalho com crianças depressivas

“O professor afetivo é aquele que em premissa maior, acalanta o baú cheio de conhecimento adquirido na informalidade do seu educando e conduz a uma aprendizagem significativa em seu cotidiano escolar”.
A depressão é um dos mais significativos problemas no mundo atual, e a sua incidência tem aumentado exponencialmente. Ela reflete o desequilíbrio não só das pessoas em si, mas também de nossa sociedade e de nosso meio ambiente. Atualmente a depressão, tornou-se comum em crianças.
A depressão é uma doença séria e pode contribuir para várias alterações como o isolamento das crianças, baixo rendimento escolar, baixa auto-estima e até mesmo uso de drogas como tentativa de sentirem-se melhor. Provavelmente, por estarem em desenvolvimento, não têm capacidade para compreender o que acontece internamente e, com freqüência, ela apresenta comportamentos agressivos.
A interação entre a escola e a família é muito importante. Corroborando Coll e et al (1995), assinalam que: tanto o desenvolvimento adequado da criança como sua própria atitude para com a escola depende do correto estabelecimento de uma rede de relações positivas entre os colegas. Quando as relações comunicativas com os colegas são deficientes ou negativas, a criança pode apresentar dificuldades de ajustamento, durante a escolarização ou mesmo posteriormente.
Da mesma forma, a falta de habilidades interpessoais e o rechaço dos colegas de aula estão relacionados com problemas emocionais, sentimentos de ansiedade, baixa-estima, condutas desordenadas e sentimentos de hostilidade para com a escola. Em troca, quando as relações estabelecidas com os colegas são de aceitação e apoio mútuos, é favorecido o sucesso dos objetivos educativos.
Além disso, deve-se assinar que as relações entre colegas não são apenas um problema interpessoal, mas dependem, em grande parte, no clima da classe e da organização social das atividades que nela são realizadas. Lembrando que, o aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdo a atividades intelectual se concentrará.
Ainda Coll e et al (1995) destacam que, tanto as relações que mantém com as crianças, como o modelo geral de atuação que apresenta em aula, possui um impacto positivo no êxito acadêmico e no autoconceito dos alunos. Com relação aos pais, estes atuam como espelhos, que devolvem determinadas imagens ao filho. O afeto é muito parecido com o espelho. Quando se demonstra afetividade por alguém, cria-se um espelho, refletindo um no sentimento de afeto do outro, é desenvolvido o forte vínculo do amor, essência humana, em matéria de sentimentos.
É nesta interação afetiva que se desenvolvem os sentimentos positivamente ou negativamente e se constrói a auto-imagem. Se os pais estão sempre opinando a partir de uma perspectiva negativa para os filhos, e se estão sempre os taxando de inúteis e incapazes, ou usando de zombarias e ironias, irá se formando neles uma imagem “pequena” de seu valor. E se com os amigos, na rua e na escola, repetem-se as mesmas relações, assim a criança apresentará auto-estima baixa e baixo sentimento de auto-avaliação (Souza, 2000).
Para Souza (2000), a conduta do professor em relação ao aluno, será determinante para o autoconceito da criança, pois os sentimentos que um aluno tem sobre si mesmo, dependem em grande parte, dos comportamentos que percebe que o professor mantém em relação a ele.
Vale salientar, que uma atitude continuada, consistente de alta expectativa diante do fracasso, facilita os resultados acadêmicos do aluno ou de surpresa diante de seu sucesso. Todavia, ao fomentar sua insegurança, reduz as possibilidades dele enfrentar os problemas, criando no aluno um sentimento de incapacidade.
Outro fator que influencia, indiretamente, o conceito que o aluno faz de si mesmo é o aluno-conceito do professor. Os professores que possuem sentimentos positivos a respeito de si mesmo tendem a aceitar os outros com mais facilidade, no entanto, o professor com um elevado sentimento de eficácia, segurança em suas execuções e pouca ansiedade, fomentam aos alunos o desenvolvimento de percepções positivas a respeito deles mesmos e de seus colegas, incrementado a qualidade da interação em aula.
Oportuno lembrar, que é de grande auxílio à criança depressiva que pais, professores e amigos admitam seus próprios erros ou fracassos, pois a criança precisa saber que também os adultos e/ou os que a rodeiam não são perfeitos, inclusive podendo sentir os mesmos sentimentos que ela.
Na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há aspectos do afeto que se desenvolve.
Dessa forma, o afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na ótica de Piaget, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. E é responsável pela ativação da atividade intelectual (Souza, 2005).
Nesse sentido, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender, é uma poderosa necessidade humana, que contribui de maneira essencial para o processo da vida, sendo indispensável para um desenvolvimento normal e saudável. Tem valor de sobrevivência.
Na ausência de uma auto-estima positiva, o crescimento psicológico fica comprometido. A auto-estima positiva funciona como se, na realidade, fosse o sistema imunológico da consciência, fortalece, dá energia e motivação. Ela inspira a obter resultados e permite sentir prazer e satisfação diante das realizações (André & Lelord, 2000).
É importante destacar, que o afeto é o princípio norteador da auto-estima. Entretanto, depois de desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem e a motivação, como meio para conseguir o autocontrole da criança e seu bem estar, são conquistas significativas. Atendendo as necessidades afetivas da criança, elas se tornarão mais satisfeitas consigo mesmas e com os outros, e terão mais facilidade e disposição para aprender.
A criança com quadro depressivo de acordo com Coll e et al (1995), necessita sentir-se protegida, amada, possibilitando a sua integração social, familiar e escolar. Em síntese, cabe aos pais, psicopedagogos e professores ajudar a criança com quadro depressivo a acreditar em si mesmo. O que a criança pensa de si mesma é mais importante do que ela sabe. Todavia, é mister salientar que, a criança que se sente amada, aceita, valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança e apreende a amar, desenvolvendo um sentimento de autovalorização e importância. A auto-estima é uma coisa que se aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maior condição de aprender.
Roberto Giancaterino
Pós-Doutorado em Educação, Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Educação e Valores Humanos. Contato:
prof.robertogian@terra.com.br